Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Com a suspensão temporária do atendimento a gestantes de baixo risco no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) desde a sexta-feira passada, devido à superlotação do Centro Obstétrico e da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal, o cenário de crise no atendimento aos partos na cidade ficou ainda mais evidenciado. Lutando para não suspender o serviço à população por conta do atraso no repasse de incentivos, a Casa de Saúde segue enfrentando problemas para manter a maternidade em funcionamento. Os dois hospitais atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
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Em novembro de 2017, esse setor da Casa de Saúde, que faz de 80 a 120 partos mensais e conta com 18 leitos, precisou ser fechado por falta de repasses. Depois de ficar quatro meses fechada por falta de pagamento aos médicos, a maternidade reabriu em março deste ano. No entanto, depois de sete meses da reabertura do serviço, o hospital ainda conta com apenas um pediatra no quadro funcional. Mesmo tendo um plantão obstétrico 24 horas - com um obstetra e uma enfermeira obstetra por plantão -, a Casa de Saúde não pode realizar partos sem a presença de um pediatra, o que acaba afetando diretamente o atendimento.
De acordo com o administrador da instituição, Rogério Carvalho, o único profissional disponível até o momento trabalha em regime de sobreaviso. Com isso, falta pediatra às terças-feiras à noite, às quintas durante o dia inteiro e em alguns domingos.
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- Tem dias que não temos pediatras. A gente precisava de um plantão presencial para poder atender a unidade pediátrica e também a maternidade, mas, para isso, precisamos de recursos. E, hoje, nosso recurso não dá nem para bancar esse sobreaviso. É nesses casos que vai chegar gestante e não vai poder ter o bebê aqui, vai ter que ir para o Husm. E a gente sabe que o Husm está além do que poderia, aí vai superlotar mesmo - comenta Carvalho.
Ontem, a UTI Neonatal do Husm estava com 15 pacientes internados e o Centro Obstétrico com 13, sendo que ambos têm capacidade para 10 leitos.
SAÚDE FINANCEIRA
A contratação de novos médicos esbarra na saúde financeira do hospital, que encontra dificuldade em novas contratações. Segundo o administrador da Casa de Saúde, mesmo após o acordo com o Estado ter sido refeito em março, a maternidade opera com um déficit mensal de R$ 170 mil. Como o serviço não tem nenhum tipo de incentivo e conta apenas com a receita dos recursos do Sistema Único de Saúde (SUS), o que dá cerca de R$ 65 mil por mês, a Associação Franciscana de Assistência à Saúde (Sefas) acaba recorrendo a empréstimos para poder manter a maternidade aberta.
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- O que recebemos da tabela SUS por partos realizados não paga nem o plantão obstétrico. Nós estamos gradativamente endividando mais o hospital, buscando mais empréstimo e aumentando a dívida para manter o serviço - desabafa o administrador do hospital.
ATÉ DEZEMBRO
O contrato com o Estado está vigente até dezembro. Até lá, a administração da Casa de Saúde deve ir a Porto Alegre debater as condições para renovação do contrato e tentar sanar o problema. Uma das alternativas estudadas pela direção do hospital é o rateio entre os municípios da região para, pelo menos, conseguir pagar os médicos e diminuir o déficit mensal.